Texto por André, de apelido Jesus, nick Etrigunn do Wasd Space
O Poço
El Hoyo
2019
Direção: Galder Gaztelu-Urrutia
94 min
O Poço é um filme de gênero que vem arrebatando as atenções nas últimas semanas. Talvez pelo momento em que vivemos, presos em casa durante a quarentena do corona vírus em 2020.
Talvez pela discussão sobre comprar tudo que pode para o isolamento e não deixar nada para os outros. Talvez a questão social seja uma alegoria que permeia a mente de quem vê essa peça. Não sei...
O Poço, uma salada de ideias
O filme (disponível na Netflix) é uma salada de ideias muito grande e muito complexa. Apesar da trama ser bastante simples:
Quem está embaixo come os restos de quem está no andar de cima por um mês. Depois,
muda aleatoriamente o andar da pessoa e do seu companheiro de cela. Mudando assim, a
oferta de alimento.
O que chama atenção é como o filme te traz muitas questões sem ser massante.
Não perdemos o interesse nos personagens e nas suas relações apesar da ânsia por respostas.
Creio que o espectador se vê preso como os personagens, assim, aparece o conformismo.
No momento que começa a aparecer as respostas, elas são alegorias da narrativa.
Não tem uma explicação realista sobre o que acontece. É uma discussão sobre como somos egoístas dentro de uma sociedade.
Filme da Netflix faz algo de crítica social mas é só isso?
"As mudanças não são espontâneas" essa frase é bastante dita ao longo de todo o filme. Sabemos que o estado, o sistema, tenta nos guiar. As leis, a polícia, tudo
tenta manter os humanos longe dos seus instintos primais. Até a própria religião, aqui representada pelo cristianismo.
Tudo testa as pessoas naquela condição de desigualdade extrema. Ao passo que ideias mais claras são impostas pela narrativa do meio para o final e justamente no final, temos um pingo de otimismo, de pureza.
Recebemos explicações práticas para logo em seguida, sermos jogados em um final aberto.
E fim.
Diretor de o Poço tenta explicar o filme como critica, mas não somente crítica ao capitalismo
O diretor do filme Galder Gaztelu-Urrutia, em entrevista ao Digital Spy, conta o que ele quis dizer com o desfecho: e vai muito além da mera crítica ao capitalismo que muitos apontaram:
"Com certeza achamos que é necessária uma melhor distribuição de riquezas, mas o filme não é estritamente sobre capitalismo"...
..."Pode haver uma crítica ao capitalismo no início, mas mostramos que assim que Goreng e Baharat tentam convencer os outros prisioneiros a adotar o socialismo e deliberadamente dividir a comida, acabam matando metade das pessoas que eles queriam ajudar".
O Poço é a história de outro cabeludo meio comunista
O protagonista por si só é o elo entre a mensagem do filme, ou melhor, o mensageiro.
Sim, aquele mensageiro, barbudo e ensanguentado que passou por uma longa provação e teve que sacrificar no final.
Sim, o de sempre.
NOTA: 8… muito bem produzido, mas esperava algo novo como discurso. É, é bom.
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