Os Eternos surgiram em 1976 no retorno de Jack Kirby à Marvel depois de sua passagem pela DC comics. Um dos acordos que Kirby fez com Stan Lee é que teria uma série só dele, sem interferências editoriais.
Entusiasmado com seu regresso à Casa das Ideias o quadrinista desenvolveu todo uma mitologia envolvendo astronautas antigos (e gigantescos), seres imortais (criados pelos 1°) e como eles influenciaram no desenvolvimento das civilizações
na terra.
A ideia do livro "Eram os Deuses astronautas?" Pegou todo mundo nessa época.
A revista teve pouca recepção e durou 19 edições mas até hoje é considerada como uma das maiores criações de Kirby.
Gaiman um fã dos HQs originais dos Eternos é escolhido para o projeto
Em 2005 o Editor Joe Quesada queria reintroduzir a mitologia dos personagens criados por Kirby e ofertou o projeto para Neil Gaiman. Gaiman era fã da primeira fase dos personagens e aceitou na hora.
O desafio para Gaiman era como reintroduzir esse conceito complexo no universo Marvel sem que ele parecesse muito deslocado de tudo e ainda, como fazer algo que Jack Kirby aprovaria?
Os Eternos com amnésia
A saída encontrada por Gaiman foi ter uma abordagem que respeitasse a obra original mas que ao mesmo tempo conseguisse ser nova para os Eternos.
Ele usou o conceito de deuses adormecidos. Por alguma razão os Eternos, seres superpoderosos criados pelos celestiais para guiarem a humanidade enquanto se desenvolvia, haviam sido separados e estavam com amnésia, viviam vidas mundanas como pessoas normais e aparentemente sem ter uma fagulha de sua verdadeira natureza.
Enquanto o único Eterno que se dá conta que tem algo errado e tenta convencer o restante sem sucesso história vai evoluindo até onde os heróis não podem mais negar sua missão e tem que partir pra enfrentar antigos inimigos e de quebra salvar o mundo.
Gaiman consegue fazer uma viagem pela mitologia criada por Kirby, passando pelos principais personagens de maneira interessante, mostrando os Deviantes, inimigos dos Eternos e os Celestiais e toda dinâmica desses núcleos e entre eles, os conflitos e objetivos às vezes bem dúbios mesmo entre aqueles que deveriam ser os mocinhos.
Romita Jr. no comando da Arte
Para a parte gráfica John Romita Jr. foi o escolhido, como sempre o desenhista não decepciona. A arte de Romitinha é dinâmica com muitos painéis grandiosos.
Nos momentos que o roteiro permite os vislumbres do passado e de Olympia, Cidade dos Eternos, e da arquitetura alienígena dos Celestiais Romita consegue se assemelhar a Kirby no vislumbre alucinado de civilizações antigas e alienígenas.
O filme dos Eternos vem aí
O único momento que Gaiman cai um pouco de rendimento é quando os personagens colocam o uniforme e começa a parte final "super-herói" que nunca foi o forte de Gaiman.
Isso afeta um pouco a arte de Romita que não consegue dar muita fluidez a luta final envolvendo os Eternos, Vingadores e um Celestial de 800 metros.
O filme dos Eternos foi anunciado para fase 4 da Marvel. A abordagem adotada por Gaiman pode ser um caminho para inserir eles no MCU.
Vingadores se preparem porque vcs vão deixar de ser o grupo mais poderoso do MCU.
Para os fãs de Kirby, oportumidade de conhecer um pouco mais de sua obra e ainda ver Gaiman escrevendo personagens diferentes do habitual.
Uma leitura obrigatória
Roteiro: 8
Arte: 8
Arquitetura alienígena: 9
Homenagem a Kirby: 9
Nota final: 8,5
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