quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Os Eternos de Neil Gaiman: releitura da mitologia de Jack Kirby

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Os Eternos surgiram em 1976 no retorno de Jack Kirby à Marvel depois de sua passagem pela DC comics. Um dos acordos que Kirby fez com Stan Lee é que teria uma série só dele, sem  interferências editoriais.


Entusiasmado com seu regresso à  Casa das Ideias o quadrinista desenvolveu todo uma mitologia envolvendo astronautas antigos (e gigantescos), seres imortais (criados pelos 1°) e como eles influenciaram no desenvolvimento das civilizações
na terra.

A ideia do livro "Eram os Deuses astronautas?" Pegou todo mundo nessa época.
A revista teve pouca recepção e durou 19 edições mas até hoje é considerada como uma das maiores criações de Kirby.

Gaiman um fã dos HQs originais dos Eternos é escolhido para o projeto


Em 2005 o Editor Joe Quesada queria reintroduzir a mitologia dos personagens criados por Kirby e ofertou o projeto para Neil Gaiman. Gaiman era fã da primeira fase dos personagens e aceitou na hora. 

O desafio para Gaiman era como reintroduzir esse conceito complexo no universo Marvel sem que ele parecesse muito deslocado de tudo e ainda, como fazer algo que Jack Kirby aprovaria?

Os Eternos com amnésia


A saída encontrada por Gaiman foi ter uma abordagem que respeitasse a obra original mas que ao mesmo tempo conseguisse ser nova para os Eternos.

Ele usou o conceito de deuses adormecidos. Por alguma razão os Eternos, seres superpoderosos criados pelos celestiais para guiarem a humanidade enquanto se desenvolvia, haviam sido separados e estavam com amnésia, viviam vidas mundanas como pessoas normais e aparentemente sem ter uma fagulha de sua verdadeira natureza.

Enquanto o único Eterno que se dá conta que tem algo errado e tenta convencer o restante sem sucesso história vai evoluindo até onde os heróis não podem mais negar sua missão e tem que partir pra enfrentar antigos inimigos e de quebra salvar o mundo.

Gaiman consegue fazer uma viagem pela mitologia criada por Kirby, passando pelos principais personagens de maneira interessante,  mostrando os Deviantes, inimigos dos Eternos e os Celestiais e toda dinâmica desses núcleos e entre eles, os conflitos e objetivos às vezes bem dúbios mesmo entre aqueles que deveriam ser os mocinhos.

Romita Jr. no comando da Arte 


Para a parte gráfica John Romita Jr. foi o escolhido, como sempre o desenhista não decepciona. A arte de Romitinha é dinâmica com muitos painéis grandiosos.

Nos momentos que o roteiro permite os vislumbres do passado e de Olympia, Cidade dos Eternos, e da arquitetura alienígena dos Celestiais Romita consegue se assemelhar a Kirby no vislumbre alucinado de civilizações antigas e alienígenas.

O filme dos  Eternos vem aí 


O único momento que Gaiman cai um pouco de rendimento é quando os personagens colocam o uniforme e começa a parte final "super-herói" que nunca foi o forte de Gaiman.

Isso afeta um pouco a arte de Romita que não consegue dar muita fluidez a luta final envolvendo os Eternos, Vingadores e um Celestial de 800 metros.

O filme dos Eternos foi anunciado para fase 4 da Marvel. A abordagem adotada por Gaiman pode ser um caminho para inserir eles no MCU.

Vingadores se preparem porque vcs vão deixar de ser o grupo mais poderoso do MCU.

Para os fãs de Kirby, oportumidade de conhecer um pouco mais de sua obra e ainda ver Gaiman  escrevendo personagens diferentes do habitual.
Uma leitura obrigatória 

Roteiro: 8
Arte: 8
Arquitetura alienígena: 9 
Homenagem a Kirby: 9 
Nota final: 8,5 

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