segunda-feira, 25 de abril de 2022

E a pesquisa, serve pra quê?

Pesquisa, pesquisadores da Ficção, oldie nerd, pesquisa no Brasil

Pesquisadores na Ficção


Existe um tipo de personagem recorrente em obras como as  HQs, séries ou filmes, aquele intelectualizado, sempre fuçando em livros, querendo saber mais, pesquisando e inventando.


Achando respostas inovadoras e diferentes que nenhum outro personagem da trama tinha pensado e não são rara as vezes que suas soluções conseguem derrotar o inimigo.

Seja o Fera ou  Besouro Azul, Reed Richards ou Eléktron, Indiana Jones ou Hermione, o espectador nerd acaba se identificando com eles, porque, afinal esses heróis também são "nerds" e mais do que isso são pesquisadores.


Nerd pesquisador


Procurar conhecer algo melhor e se aprofundar em assuntos que gosta - essa é a principal característica de um "Nerd".

No fundo no fundo ser nerd é ser um eterno pesquisador, seja de uma arte específica como os Quadrinhos ou de uma obra em particular como alguma série ou filme.

Pesquisadores espalhados pelas universidades brasileiras são verdadeiros "nerds" no sentido mais puro da palavra.

No entanto, facilmente se pode notar uma desvalorização cada vez maior com os pesquisadores brasileiros (sim, esse pessoal da balbúrdia) e da própria pesquisa e ciência.

Ultimamente a sociedade parece que tem se esquecido da importância vital das pesquisas e como ela gera frutos valiosos para toda sociedade.

Mas geram mesmo? Sim e vamos explicar isso logo abaixo.

Mas afinal para que serve a pesquisa?



Embora seja um termo de uso comum, a pesquisa e sua importância  pode ser colocada em dúvida. Muitas vezes quando confrontados com a pergunta:
"Mas e essa pesquisa serve para quê?" Podemos ter certa complicação em responder de imediato.

Principalmente porque a grande maioria das pesquisas, (sejam elas da área das humanas ou exatas, quantitativas ou etnográficas, qualitativas ou exploratórias, de Astrofísica ou Sociologia) não produzem resultados imediatos, principalmente quando olhadas somente pelo lado "econômico do lucro" já que grande parcela da sociedade aprendeu a valorizar somente aquelas coisas que resultam em ganho financeiro imediato.

O primeiro entendimento que temos que tentar obter é que nem tudo que é importante tem valor monetário imediato.

Pense: algumas coisas que mais valorizamos na nossa vida não geram valores financeiro, muito menos lucros imediatos.


Se no mundo, seja nas ciências exatas ou humanas problemas são identificados, e são identificados porque estão causando algum tipo de prejuízo.
Se não estivessem causando algum dano ou prejuízo para algo não seriam percebidos como problemas a serem solucionados.

Toda pesquisa, parte de algum problema a ser solucionado, cujo os conjuntos de conhecimentos adquiridos até o momento não são suficientes para alcançar uma solução.

Buscar a solução para problemas constituído é  parte central de todo o tipo de evolução e melhora na sociedade humana.
A pesquisa (e pesquisadores) são parte indispensável para toda sociedade que procura melhorar e evoluir, seja em busca de avanços tecnológicos, morais, econômicos ou psicológicos.

A pesquisa impulsiona a evolução do mundo e da sociedade



Para confirmar a importância dos pesquisadores acadêmicos basta lembrar que praticamente todo tipo de evolução ao longo da história da humanidade provém de pesquisas, sejam elas de quais tipo fossem ou por quem fossem executada.

Acadêmicos em busca de um conhecimento até então inédito ou mesmo curiosos experimentando novas formas de executar atividades tradicionais, buscando melhoria nos processos de produção, explorações, interações sociais...

Cada um deles avançando, um passo de cada vez, construindo conhecimento que seria acumulado para a próxima geração de pesquisadores, como uma ponte gigantesca na qual cada geração constrói um pedaço até que se possa, com segurança, chegar a outra margem do rio.


Seja revolucionando o pensamento na Grécia antiga, desenvolvendo técnicas de construção inovadoras no Egito dos Faraós, reformulando o nosso entendimento do universo na Europa medieval, repensando a sociedade e suas interações no século XIX e XX.

Nos dias de hoje continuamente buscando soluções para problemas novos e antigos, Físicos entendem cada vez melhor o mundo subatômico, astrônomos buscam respostas para a origem dos tempos em galáxias distantes, historiadores, psicólogos, educadores, filósofos dando passos em busca de melhorar o mundo através dos mais diversos tipos de visões, todos, buscando soluções para que possamos viver em um mundo que realmente queremos, um mundo mais justo e benevolente para todos.

Pesquisadores, debruçados em suas pesquisas buscando algo que não é facilmente visível mas que com certeza é algo muito mais valioso do que pode ser medido por valores monetários.

Pesquisa e  valor monetário



De quebra ainda temos vastos dados que demonstram que diretamente e indiretamente, a pesquisa científica e acadêmica trás sim inúmeras vantagens econômicas, diferente do que o senso comum e o atual governo Brasileiro querem fazer parecer.

Avanços de pesquisa trazem inovações que podem fazer com que o Brasil deixe de exportar lá de fora certos conhecimentos e tecnologias que custam bilhões em importações, dinheiro que acaba saindo do país e que nunca retornará.

Dados da Clarivate Analytics dizem que entre 2011 e 2016 o Brasil publicou mais de 250 mil artigos na base de dados Web of Science ocupando a 13° posição entre todos os países do mundo, lembrando que desta produção mais de 95% foram publicações de Universidades públicas, as que mais vem sendo atacadas com cortes de verba pelo governo.

Note que nesse período os investimentos na área de pesquisa deixavam o Brasil por volta da 40° posição em investimentos em pesquisa. De lá para cá esse nível de investimento despencou enormemente, chegando em um nível crítico em 2019.

Retirando os investimentos em pesquisas o governo Bolsonaro vai na contra-mão da tendência mundial onde países desenvolvidos e emergentes, que investem cada vez mais nessa área.


Para fortalecer a posição da importância da pesquisa no país, um estudo internacional  mostra que cada dólar investido em pesquisa tem retorno de três a oito dólares.

Financiar pesquisa não é custo para o Brasil e sim investimento.

Então repense antes de repetir asneiras que ouviu por aí sobre o papel da pesquisa e pesquisadores no Brasil (e no mundo) e lembre que todos somos nerds e pesquisadores (de um jeito ou de outro).

-Fontes
Solange Santos; Repensar a Universidade (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais - http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/224

Matéria do site GGN

Matéria da ABC

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